Nos lençóis desta semana
dez asas de formiga são ábacode areia dedos lábios
oito manchas de amor directo
quatro ais que definham em poente
surdo de arder por dentro
na hora em que nos comemos
no halo branco dos pátios
e o violino vibra as cordas
de pavões enrouquecidos
fodemos na visão íntima de uma praia
tu gravas-me no braço versos felizes
versos que te dou em palavras de carne
pelo corpo magnânimo se espalha
o teu novo poema espumado
e posso finalmente roer o véu à tarde
e rir ao chegar o cadafalso
a teu lado num quinteto intacto de ursos
vejo no ar o trágico o natural
o caloroso fundo do teu corpo
abre à minha boca a corola provençal
Miguel C.