quarta-feira, 20 de julho de 2011

afectos XXVII

Olhos de libélula

Os olhos de pétalas abriram-se de medo
e tremeram como borboleta
(condenada à imobilidade da terra),
uma última gota foi bebida e chorada,
a agonia da flor expandiu-se
e junto da saudade caiu na terra
uma semente minúscula
escura, luminosa;
deixa-se aconchegar no solo húmido
de florestas e planícies prometidas
e sonhando com a luz
e com o ser árvore,
morada das aves e do canto,
sombra para os amantes,
recanto para os sós,
leva o seu amor
a ter raízes mais profundas
e a beber da seiva mais pura
mais eterna.