sexta-feira, 31 de agosto de 2007

regalos XII

(Comporta, Alentejo)

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

consolos XI

Hortelã da Ribeira

...indispensável num bom Ensopado de Enguias ou numa Sopa de tomate com bacalhau e ovo escalfado...a acompanhar os coentros, claro!

terça-feira, 28 de agosto de 2007

afectos I


Nós - as crianças, somos os reis
do mundo das visões nocturnas.
Caem sobre nós as alongadas sombras
brilham as lanternas por detrás das janelas,
escurece o tecto do salão,
os espelhos absorvem o seu rasto...
Não há tempo a perder!
Alguém sai do canto.
Debruçamo-nos os dois por cima do piano negro
e o medo chega-se a nós,
embrulhados num xaile da mamã
nem respiramos, pálidos de terror.
Vamos lá ver o que se passa
por baixo da cortina das trevas inimigas.
Os rostos deles fundiram-se no escuro,
-de novo saímos vencedores!
Somos os elos de uma mágica cadeia
e no fragor da batalha jamais desfalecemos.
Aproxima-se o combate derradeiro,

e com ele há-de perecer o reino das trevas.
Os adultos inspiram-nos desprezo,
pela rotina adormecida dos seus dias...
Nós sabemos, sabemos muita coisa
do muito que eles não sabem.
Marina Tsvétaïeva in E Cantou como Canta a Tempestade

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

regalos XI

Por aqui...

o fim de tarde avançou assim...


domingo, 26 de agosto de 2007

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

MIMO 2º

VEM...



...
De onde vem essa ternura?
Não são os teus os primeiros cabelos
Que afago, e já conheci lábios
Mais sombrios do que os teus lábios.
Brilharam estrelas, depois ficaram pálidas
(de onde vem esta ternura?),
brilharam olhos, tão perto dos meus olhos,
depois, quase se apagaram.
Melhores cantos que estes
ouvi eu no coração da noite
(de onde vem esta ternura?)
gravados no peito do cantor.
De onde vem esta ternura?
E que fazer com ela, ó tu,
o astucioso, o estrangeiro de passagem?
E as tuas pestanas, as mais longas que já vi?
( Marina Tsvétaïeva in E Cantou como Canta a Tempestade)

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

afagos VII




"A água por fim atingiu o nível do coração imperial. O silêncio era tão profundo que teria sido possível ouvir lágrimas cair."

(...)
- Repara, meu discípulo, disse Wang‑Fô melancolicamente. Esses infelizes vão morrer, se é que não morreram já. Nunca supus que no mar houvesse tanta água que pudesse afogar um imperador. Poderemos fazer ainda alguma coisa?
- Não te preocupes, Mestre, murmurou o discípulo. Não tarda que eles estejam de novo em seco, sem mesmo se lembrarem de ter molhado as mangas. Só o Imperador é que há‑de guardar no coração um pouco do amargor do mar. Gente como esta não foi feita para se perder dentro dum quadro."


A Fuga de Wang-Fô, M. Yourcenar

consolos IX

(Costa Alentejana)

Sabe bem deixarmo-nos apanhar pela aragem morna, de fim de tarde que chega da Serra da Arrábida.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

afagos VI

"- Quando os teus olhos mal afloram os meus, numa intencionalidade dúbia, quando me lanças um gesto interrompido, com o lenço ou com a sobrinha, já aconteceu, lembras-te? Quando sorris em público de forma reticente e eu sei que é para mim... minha linda, belíssima escultora de traços imprecisos, é nestas horas que ambos partilhamos os mais intensos conteúdos, porque nas sombras desta imprecisão fica o espaço do movimento intenso do coração que podemos preencher conforme a nossa vontade."
Diário das mulheres Toleradas, Madalena San-Bento

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

regalos X


2ª Semana...

(Pico - Santo Amaro)

Liberdade

Aqui nesta "praia" onde

Não há nenhum vestígio de impureza,

Aqui onde há somente

Ondas tombando ininterruptamente,

Puro espaço e lúcida unidade,

Aqui o tempo apaixonadamente

Encontra a própria liberdade.

(Sophia de Mello Breyner)

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

regalos IX

1ª Semana...

Furalha (Hypericum foliosum)

"As férias são esse campo de alternância em que um pouco de ócio permite que o acaso visite a nossa vida, o mundo onírico se sobreponha ao real, e a distensão nos ofereça o encontro com a surpresa que está escondida sob a pele do Mundo. (...) Se a pausa é minha, se o meu ritmo de escuta próprio bate no meu corpo, e eu posso misturar os tempos e inverter os dias e as noites, conforme o que mais amo, então esse tempo são as minhas férias."

Lídia Jorge (JL 960)