sexta-feira, 30 de outubro de 2009

afagos XLI

De tudo meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto

Que mesmo em face do maior encanto

Dele se encanta mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento

E em seu louvor hei-de espalhar meu canto

E rir meu riso e derramar meu pranto

Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure

Quem sabe a morte, angústia de quem vive

Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.

Soneto de Fidelidade, Vinicius de Moraes

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

NÃO ESQUECER LII

História de quem perde a sombra no Chapitô*

*"dois corpos nunca se envolvem sem antes se envolverem as sombras"

(...)
Afinal qual é o problema de não ter sombra?
A solidão. Mostra a história que sombra não é nada quando a temos mas quando a perdemos ninguém quer saber de nós porque nos falta o fundamento da nossa pertença. Peter é assim banido percebendo no pior momento a falta que faz o traço que desenha a presença. E alguém que não tem figura não pode partilhar afectos nem entregar-se ao amor.
(...)

O espectáculo sobe ao palco do Chapitô quinta e sexta-feira às 21.30 e sábados e domingos às 16.00 até 13 de Dezembro.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

afagos XL

Ele diz
:


- Sentirei a tua falta o resto da minha vida.

Ela responde:

- Estás com vontade de te aproximares de mim.
- É verdade.
- Por uns instantes, deita-te aqui ao meu lado. Depois parte.
Ele repete:
- É verdade. - E repara como ela ficou frágil e ténue.


Acorda. Pára de bater o sonho...


Os Cantores de Leitura, Maria Gabriela Llansol

terça-feira, 20 de outubro de 2009

afagos XXXIX

(Jardim na Maia, S.Miguel - 6 Out 09)

Que sonhos tenho? Não sei. Forcei-me por chegar a um ponto onde nem saiba já em que penso, com que sonho, o que visiono. Parece-me que sonho cada vez de mais longe, que cada vez mais sonho o vago, o impreciso, o invisionável.
Não faço teorias a respeito da vida. Se ela é boa ou má não sei, não penso.Para meus olhos é dura e triste, com sonhos deliciosos de permeio. Que me importa o que ela é para os outros?
Livro do Desassossego, Fernando Pessoa

sábado, 17 de outubro de 2009

consolos XLI


(...) Consideramos belo aquilo que é realizado com saber, com qualidade, com técnica. Aquilo que é verdadeiro, belo e bom. mas também consideramos belo aquilo que nos traz reflexos da nossa memória: sucessivas camadas onde reconhecemos todas as imagens que trazemos dentro de nós vindas de longe, talvez da infância. A nossa biografia pessoal é a história de uma memória capaz de condicionar a nossa visão do mundo e o nosso futuro num permanente trabalho de recordar. Mas nunca sabemos onde a beleza irá aparecer: por vezes surge onde e quando menos esperamos, outras vezes aguardamo-la e ela não aparece. A beleza ataca de surpresa quem souber estar atento e disponível para o que nos rodeia. A arte pode ser uma verdade inesperada. (...)

Se fosse possível movermo-nos mais devagar, contrariar a velocidade em que acreditamos ter de estar submersos, seria talvez possível ver em vez de olhar. A intensidade da experiência do nosso mundo só poderá ser conseguida através do tempo, o tempo que nos permite reconhecer aquilo que nos é estranho.(...)

O tempo é o nosso único amigo.

Rui Chafes no catálogo da escultura Parar o Tempo

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

NÃO ESQUECER LI


Dia Mundial da Alimentação

(mercado de rua em Filadélfia, Julho 2009)

promova estilos de vida saudáveis!!!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

MIMO 31º

esta noite queria, muito, ser fada madrinha...